sábado, 7 de junho de 2008
Olhos de criança
Todas essas linhas em minha face... Os anos passam, poderiam ser essas linhas as únicas mudanças, as únicas marcas que acontecem na vida?
Eu vi uma criança hoje, passando logo abaixo da minha rua, ela olhou para mim, detrás de tais olhos abertos, olhos que poderiam dizer sobre o azul do céu, a vida escondida debaixo das pequenas pedras, sobre a luz, sobre as ondas do ar, sobre o verde das árvores, sobre os carrosséis e os movimentos da água em um riacho, sobre todos os "comos" e " por quês ". Olhos curiosos e luminosos, entretanto ela estivesse em uma pressa devido sua mãe, que a levava pela mão; e eu não pude ver os olhos da mulher. Os olhos da mãe não me encararam, ela caminhou rapidamente, como tantas pessoas fazem ela fitava algum ponto desconhecido, como tantas pessoas fazem, talvez fitasse os próprios pensamentos; talvez a própria vida. Tantas linhas na face dela também, tantas histórias para contar; talvez não. Eu não pude ver.
Talvez aquela criança jovem se perdesse se a mãe dela não a estivesse segurando pela mão, ao longo da congestionada e movimentada rua, ao longo daquele caminho. Mas talvez uma outra mão a guiar a mãe também não fosse útil? Os olhos dela, não contemplando parte alguma, enquanto ela caminhava… Perdida? Boa pergunta... Quem estaria mais perdida? Sem uma mão a guiar, qual das duas estaria mais perdida em menos tempo?
A criança jovem olhava para todos os lugares, detrás de seus olhos luminosos. Ela nunca se perderia, contanto que ela tivesse aquela mão para lhe guiar. Mas aquela orientação não a preveniria de outra espécie de perda, talvez a mais terrível e eterna de todas: A perda daquele interesse pela vida; não pela própria e concreta vida, mas por aquele mundo ingênuo e bonito que vive nos olhos luminosos que aquela criança podia ver tão claramente e vívido ao redor dela. Ela não estava perdida naquele momento, mas talvez ela estivesse um dia. A mãe dela não soltou da mão ao longo daquele caminho inteiro, mas a face da pequena menina não tinha ainda linhas cujas histórias ainda seriam vividas. E através dessas linhas ela terá que caminhar sem qualquer mão a lhe guiar, e talvez ela haja de se perder algum dia; mas a mãe dela não pôde ver isso, e a criança jovem também não estava atenta a isso naquele momento. Assim, ainda havia aquela luz na visão daquela criança, que mostrou um quadro vívido do mundo visto através dos olhos de uma criança.
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